A amamentação geralmente está relacionada à expressão da relação amorosa entre mãe-bebê, vista como algo mágico. Porém, muitas vezes esta bela cena esconde as angústias motivadas pelo bebê não ganhar peso, complicações clínicas no mamilo da mãe, diminuição ou ausência do leite, o fato da mulher não sentir-se a vontade ou segura para amamentar. Essas situações muitas vezes levam a mãe a sentir-se culpada por não ter um momento tão prazeroso com seu bebê. Inclusive pode fazer com que acredite que se tornou incapaz de realizar os demais cuidados de que o filho necessita. 

É inegável que a amamentação contribui para o desenvolvimento psíquico da criança. Para o bebê a experiência de sentir fome e ser saciado é uma das mais intensas em sua vida inicial, portanto, o encontro com a mãe e um seio que alimenta e conforta pode significar os primeiros sinais de que é amado, querido por alguém, protegido. Esta primeira relação apresenta o mundo a criança, auxiliará na construção de sua personalidade e de como vai se relacionar futuramente. A sensação de satisfação vai além de receber o leite materno, se constituindo como momento de prazer pleno.

Porém, durante a amamentação a dupla mãe-bebê necessita estar com condições emocionais e físicas para tal. Desta maneira, caso a amamentação esteja impossibilitada de ocorrer no seio, o importante será a manutenção do vínculo da criança com quem a amamenta. Se for possível preservar um contato, com a suavidade do toque, o carinho no olhar, um segurar firme e carregado de afeto, constituído como um momento único, em que ambos estão tranquilos, possibilitando uma vivência emocional saudável, que vai além do simples ato de fornecer o leite, este encontro, não deixará de ter sua riqueza, por mais que seja feito por uma mamadeira, mesmo na impossibilidade, por ventura da própria mãe prover tal ato.

Psicóloga Danieli Cristina Bonetti Marció - CRP 12/09218

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